COMUNICADO DE RENÚNCIA AO CARGO DE DIRETOR NACIONAL DA CNASI

Prezados(as)

Venho atavés da presente apresentar de forma irrevogável, meu comunicado de renúncia ao cargo de Diretor Nacional da CNASI que ocupo nesta gestão.

Tal comunicado advém dos últimos encaminhamentos que redundaram na mudança das deliberações de nossa última plenária setorial do INCRA, ocorrida no dia 13 de setembro de 2012, culminando na orientação de realização de assembléias regionais através do Oficio CNASI nº 18/12, da qual considero ilegítimo, portanto inválido.

Entendo que as mudanças tanto de decisões das instâncias máximas das entidades representativas quanto ao rito do encaminhamento de tais mudanças, além de abrir perigoso precedente, infringe alguns dos maiores atributos necessários a salutar relação entre representantes e representados, quais sejam: a confiança, a coerência e a manutenção permanente de principios e valores universais que norteiam e regem as relações humanas, sobretudo nas atitudes e posturas daqueles que se predispõem e assumem papel de lideranças.

Compreendo que um dos principais princípios que antecedem ao processo de discussão e negocial entre partes que comungam dos mesmos objetivos, é, (ou deveria ser) a busca e manutenção de um relação respeitosa, de confiança e exitosa entre as partes, sob pena de anulação de uma das partes legítimas da interlocução. Ademais, o mesmo respeito impõe o entendimento da importância do amor próprio, daquela porção que mantém viva nossa auto estima e evita o sentimento de humilhação.

Lamento que neste momentos as atitudes de alguns colegas e do governo, ao esquecerem tais princípios remetem invariavelmente a transitoriedade, instabilidade e descontrole da situação ao remeter as discussões como se fossem um mero jogo de perde ganha, do salve-se quem puder e, reducionista do ponto de vista da amplitude da pauta, na qual o viés meramente econômico, político ideológico ou as disputas pelo poder acabam se sobrepondo a própria razão da existência do INCRA, enquanto braço do Estado e do seu papel frente ao atual modelo de desenvolvimento.

De outra banda poderíamos também avocar interpretações e análises sobre as posturas, atitudes e convicções dos colegas grevistas e não grevistas, no andamento dos pleitos de nossa pauta pós movimento paredista, entretanto, prefiro remetê-la como reflexão aos eventuais leitores destas linhas.

Aproveito o ensejo para externar meu agradecimento aos diversos colegas que depositaram confiança no meu trabalho e conduta, a todo o ensinamento que me propiciaram ao longo desses anos de participação, seja na imensurável relação de amizade e coleguismo, seja no trato das questões agrárias, que nos irmana, enquanto filhos desta mesma mãe terra. E também pedir desculpas pelas falhas cometidas, garanto-lhes, em que pese sujeito como qualquer um as "canhadas" da fraqueza humana, jamais agi de má fé nem alimentei e alimento mágoa e rancor a quem quer que seja.

Isto posto, continuo na luta junto daqueles que comungam dos mesmos princípios e ideais.

“ Nós não herdamos a terra de nossos país, apenas a tomamos emprestado de nossos filhos”. ditado Hindu

 

Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.

Cora Coralina (poeta de Goiás)

 

Decio Machado Monteiro