No entanto, nem sempre estes gestores se dão bem nas manobras de enriquecimento ilícito e depredação dos recursos do Estado. Isso, porque de vez em quando a Polícia Federal e Ministério Público investigam as manobras criminosas e seus executores são flagrados, presos e incriminados pelas atividades irregulares.
Exemplos destes flagrantes de depredação do patrimônio público ocorreu na manhã de 24/8, quando a Polícia Federal prendeu o superintendente do Incra em Santarém, no Oeste do Pará, Luiz Bacelar Guerreiro Júnior, e o encaminhou à sede da instituição policial no município durante a operação "Madeira limpa". De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), ele permitia que empresários do ramo da madeira explorassem ilegalmente assentamentos da região.
Acesse AQUI carta de entidades representativas sobre a prisão.
No dia dois de dezembro de 2014, o então superintendente do Incra/MA, Antônio Carneiro, foi preso em Imperatriz (MA), durante uma operação da Polícia Federal no Maranhão. A Operação Ferro e Fogo I e II investigava um esquema de corrupção envolvendo servidores públicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) e empresários. Carneiro foi preso por suspeita de ter participado do esquema de corrupção quando era secretário adjunto da Sema.
Diante destes e outras dezenas de casos, pergunta-se: o que esperar do Governo que nomeia pessoas com ficha suja para cargos importantes em órgãos públicos, como o Incra e MDA. Essas nomeações de desqualificados prejudicam milhões de pessoas potencialmente beneficiárias do Incra e MDA, barram o desenvolvimento do interior do Brasil, reduzem o volume e a qualidade dos alimentos que chegam a mesa do brasileiro e não realizam o ordenamento da estrutura fundiária do pais, sem falar da destruição do meio ambiente e a segurança territorial.
Quem prejudica milhões de pessoas, destrói florestas e vende as terras da união dificilmente vai valorizar alguns milhares de servidores vilipendiados do Incra e MDA. Por isso que os servidores fazem greve, pois sem esse movimento reivindicatório e de divulgação dos problemas que atingem os órgãos o que é difícil se torna impossível.
Nos seus 45 anos de existência o Incra passou por uma série de dificuldades, com destaque para a má gestão e de falta de estrutura. Os servidores, a exemplo do órgão foram também abandonados. As ameaças ao órgão e seus agentes foram constantes e não é diferente agora, quando mais de 47% do orçamento da união vai para juros da dívida (feita para ajudar a classe dominante) divulga-se que o Governo está em crise. Segundo a imprensa, a arrecadação federal caiu só 2,44% em junho deste ano. Isto é crise? Com este discurso, o Governo corta recursos das universidades, do Incra, do SUS e repassas a entidades privadas para gerar lucros e mais exploração dos trabalhadores. Pergunta-se: porque não auditar esta dívida e suspender o pagamento aos credores que sugam o orçamento? Por isso, sofrem a educação, saúde, desenvolvimento agrário e todas as atividades em prol da classe trabalhadora - que por sinal é quem paga mais de 65% dos impostos que geram a arrecadação federal. Entretanto, não somos nós que financiamos campanhas milionárias a cada dois anos.
A última ameaça, anunciada de forma subliminar pelo governo, é a redução de ministérios – passando de 39 para 29. Existe uma aposta que o MDA seja fundido com outro ministério e o Incra fica apenas como incógnita. Que nefasto presente para o Incra, no ano que faz 45 anos de fundação e seus servidores em pleno movimento de greve.
Por fim, fica uma pergunta para reflexão, como pode dois órgãos da mesma administração federal tem tratamento e reconhecimento tão distinto. A Polícia Federal é valorizada reconhecida por prender o ladrão. Por que o mesmo tratamento não é dado ao Incra e ao MDA que cuidam da terra, de onde provem o alimento, o pão???
Fonte: Cnasi