Movimentos sociais se reúnem para defender reorganização da produção rural
Representantes de movimentos sociais ligados ao campo se reúnem até amanhã, no Pavilhão de Eventos do Parque da Cidade, em Brasília, para formular um programa de ações voltado ao desenvolvimento rural que sirva como contraponto ao modelo do agronegócio, baseado na produção em grandes propriedades, para a exportação e com uso de agrotóxicos.
Segundo participantes do Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas, a reforma agrária, o fortalecimento da AGRICULTURA FAMILIAR, além da demarcação de terras indígenas e quilombolas, são elementos fundamentais que devem integrar o projeto alternativo.
O representante da Via Campesina, João Pedro Stédile, defendeu que a reorganização do modelo de produção rural é urgente: "A reforma agrária é uma necessidade para o Brasil, mas está parada. Queremos que a agricultura seja organizada para produzir alimentos sadios, sem agrotóxicos e para o povo brasileiro. Para isso, é preciso garantir que o pobre e o sem-terra tenham terra e condições de produzir alimentos", disse, na abertura do evento.
Para ele, o agronegócio é "predador, excludente e que coloca em risco a soberania do País", já que atrai o capital internacional e afasta a população campesina da atividade rural. Acrescentou que 16 milhões de brasileiros vivem no campo, "a maioria pobres, que precisa de renda". Entre eles, quatro milhões são pequenos proprietários e dependem de programas e políticas públicas para impulsionar suas atividades. Além disso, há quatro milhões de famílias sem renda "e para elas só a reforma agrária" garante nova realidade.
O secretário de Política Agrária da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Wiliam Clementino, enfatizou que a reforma agrária é fundamental para o sucesso das políticas de combate à pobreza. "Se não mudarmos a estrutura fundiária, não vamos tirar as pessoas da pobreza e dar a elas as condições de produção. E o fortalecimento da AGRICULTURA FAMILIAR é um grande desafio porque esse é um segmento social, mas também político e econômico, que alimenta 75% da mesa do brasileiro", declarou.
SAIBA +
Ao fim do encontro, os cerca de cinco mil participantes marcharão até o Palácio do Planalto. Eles também vão entregar o documento final produzido no evento a representantes dos Três Poderes.
Fonte: JORNAL DE BRASILIA – DF